sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Verão baiano - atualizando 26/02/2010 + reminiscências de infância

Da última postagem - 24/02 para hoje, 26/02, ontem, 25/02 caiu uma pequena chuva - coisa pouca mesmo. Hoje o dia passou todo abafado, com nuvens pesadas - baixas e cinzas- do tipo estratos-nimbos que prenunciam tempestade, sem relampagos e raios, mas com trovões.

Por falar nisso, vamos a uma aulinha de metereologia:

As nuvens podem ser classificadas como:

- Cirros: são nuvem formadas de cristais de gelo na alta troposfera, a uns 8 mil metros de altitude e custam a se dissolver. No nordeste - no árido mesmo - alí na região das cidades do Jorro, Tucano, Araci, Ribeira do Pombal, Cipó, eu tinha a impressão que elas passavam dias e dias no mesmo lugar no céu, sem se mexer, sem sair do lugar. Era só o sol e os Cirros lá em cima, fazendo uma seca dolorosa, acabando com toda plantação.

Os Cirros se apresentam como novelos muito finos de cabelo branco (lembrando o cabelos das vovós), por isto o nome Cirros que vem do Latim "Cirrus" que significa cachos de cabelo branco.Seu aspecto delicado de cor branca ou brilhante indica o bom tempo;

- Cumulus: Ah, estas são aquelas nuvens que mexem com a nossa imaginação! Brancas e fofas. Seus flocos de algodão brincam de picula com o vento no céu e formam inumeras figuras. Qual foi a criança - do meu tempo - que criança de hoje em dia nem olha para o céu - que nunca se deitou na relva e ficou só olhando o céu, associando as formações dessas nuvens, que ficam a uns 6 mil metros de altitude, a carneirinhos, cãeszinhos, couve-flor, São Jorge, São Francisco, palácio, igreja, etc, etc, etc?

As nuvens do tipo Cumulus também indicam bom tempo, aliás elas se formam em dias de sol forte. Têm a parte de baixo reta porque são formadas pela sobreposição de várias camadas de gotículas de água, daí o seu nome: Cumulus, que vem do Latim "Cumullus" e significa "reunião de coisas sobrepostas".

- Nimbos: Apesar desse tipo nos trazer a beleza do Arco-iris, é muito temido, pois são as nuvens que se formam mais ou menos a 2 mil metros de altitude.Contém cristais e às vezes pedras de gelo que quando se precipitam gera o fenômeno denominado "chuva de granizo" que destrói plantações e telhados.

Os Nimbos, do Latim "Nimbus" - nuvem de chuva - se apresentam como grandes nuvens cinzentas, espessas, de baixa altitude. No verão costumam se precipitar muito fortemente acompanhadas de raios e trovões, causando tempestades como as que ocorreram no final de 2009 e inicio de 2010 no Rio de Janeiro e em São Paulo, causando muita destruição.

Entre estes três tipos "básicos" de nuvens, existem as variações, que os metereologistas classificam com Cirros-cumulos, Cirros-estratos, estratos-cumulos, cumulos-nimbos, etc.

A qualidade de vida no interior para crianças é excelente e as experiências são riquíssimas. Além de ser uma vida muito saudável, sem poluição, sem violência, dá oportunidade de vivenciar situações que as crianças dos grandes centros não alcançam.

Não há coisa melhor do que estar tomando banho de rio e chover: A água do rio fica morna em contraposição à da chuva que cai fria. A sensação dos pingos de chuva batendo na pele quando estamos dentro da água do rio e mergulhamos e voltamos à superfície várias vezes, é indescritível.

Apreciar o Arco-iris, querendo chegar perto dele para "ser engolido e transportado para a outra extremidade a fim de encontrar o pote de ouro" é uma brincadeira que todos nós fazíamos. E ficávamos intrigados quarendo saber como é que se formava aquele arco de sete cores no céu.

Isto me lembrou Casimiro de Abreu:

Oh, que saudades que eu tenho da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos trazem mais!
Que amor, que sonhoss, que flores,
Naquelas tarde fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
Respira a alma a inocência,
Como perfumes a flor.
O mar - é lago sereno,
O céu - um manto azulado,
O mundo - um sonho dourado,
A vida- um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh, dias de minha infância!
Oh, meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessa delícias,
De minha mãe as carícias,
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
- Pés descalços,braços nus,
- Correndo pelas campinas,
à roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar.
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!


Oh, que saudades que eu tenho da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos trazem mais!
Que amor, que sonhoss, que flores,
Naquelas tarde fagueiras,
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.

***

Guardadas as devidas proporções, noves fora o mar que eu só vim a conhecer aos 10 anos de idade quando pela primeira vez vim a Salvador, estes versos de Casimiro de Abreu retratam muito da minha infância.

Hoje eu comparo esta fase da minha vida com a dos meus filhos e constato uma diferença muito grande. Eles, por exemplo, nunca tomaram um banho de rio, nunca montaram um cavalo, nunca foram a um pomar colher frutas frescas, nunca tomaram leite morninho, numa caneca, no momento em que fora ordenhado das tetas da vaca às 05 horas da manhã no curral...são filhotes da modernidade: da aula de natação na piscina do clube, do video-game, do desenho animado na TV, da aula de inglês, da aula de judô e karatê, do colégio pela manhã e da banca à tarde, de dormir cedo à noite para acordar também cedo no dia seguinte; sem tempo para brincar, sem tempo de ser criança.

Um comentário:

O Questionador disse...

Temas,
Muito obrigado pela aula de nuvens, muito bonito este post.
Abraços