domingo, 9 de maio de 2010

Salvador: O trânsito, a Parada Disney e as multas de trânsito

A cidade do Salvador está se tornando intransitável na maior parte do dia e em qualquer dia da semana.

Devido ao grande número de veículos circulando na cidade, qualquer percurso tem demorado mais que o dobro de tempo que há pouco mais de ano se fazia para percorrê-lo. Não se encontram locais para estacionar e a Prefeitura lucra com a industria das multas de trânsito.

Semana passada, no dia 02 de maio aconteceu a "Parada da Disney" na região da orla marítima denominada Jardim de Alah. Eu tinha um compromisso no Centro de Convenções que fica na Praia de Armação, o Workshop anual de Divaldo Franco que se iniciaria às 9:00h. 

Temendo o trânsito, saí de casa às 7:00h e não fui pela orla marítima, preferi fazer um percurso maior passando pela Av. ACM e pelo Bairro Costa Azul. Estava bastante pesado o trânsito nestes locais, mas consegui chegar 15 minutos antes do inicio das atividades.

O que aconteceu ao meio-dia foi, no minimo, chocante: Foi dado o intervalo para almoço, das 12;30 às 14:00h. Quando chegamos no pavimento térreo do Centro de Convenções fomos surpreendidos com o fechamento do restaurante Prazeres da Carne pela Vigilância Sanitária devido ao fato de que, na quinzena anterior, houve um evento da ONU no Centro de Convenções e 80 (oitenta) pessoas foram parar no Pronto Socorro por ter ingerido alimentos deteriorados deste restaurante. 

O jeito foi sair para ir aos restaurantes da orla ou do Shopping Aeroclube. Porém era impossível sair de carro: Muitas pessoas que foram assistir à Parada da Disney, foram chegando com seus carros na pista de acesso ao Centro de Convenções e foram deixando os veículos da forma que deu: nas  calçadas, nas pistas, frente com frente, fundo com fundo, frente com lateral, fundo com lateral... e aí o trânsito no local simplesmente travou. Até andar entre os carros era difícil, pois não havia espaço entre eles e o pior era que não havia ninguém para organizar a bagunça e o que se via eram motoristas nervosos, buzinando alucinadamente, crianças chorando dentro dos veículos com fome e sem água para beber. As mães abrindo sobrinhas dentro dos carros tentando proteger os seus filhos do sol forte e do calor.

Para conseguir almoçar, andei entre os carros , sob o sol forte por, mais ou menos, 45 minutos. Almocei e voltei andando mais 45 minutos nas mesmas condições.

No final da tarde quando o evento terminou, os transtornos havia diminuido bastante, mas o trânsito continuava intenso. Desta vez retornei pela orla e demorei bastante para chegar em casa. Pelo caminho,ouvindo numa estação de rádio o Secretario Estadual de Turismo que dava uma entrevista, na qual informava que o público que acorreu à orla para assistir à Parda da Disney foi maior que o público do carnaval e que por isto houveram tantos transtornos.

Dois dias depois, - terça-feira, dia 04 de maio- Fui ao Centro da Cidade, novamente o caos. Em toda a extensão da Avenida Sete de Setembro, do trecho do Campo Grande até a Ladeira de São Bento, retornando pela Av Carlos Gomes e no Largo Dois de Julho não encontrei uma única vaga para estacionar. Já no retorno do Largo Dois de Julho para a saída novamente na Av. Carlos Gomes, encontrei um espaço junto de um restaurante, estacionei ali por 10 minutos enquanto ia numa farmácia, fui multada e perdi 04 pontos na Carteira de Motorista.
Ao receber em casa 02 dias depois a notificação, retornei ao local e vi que a alegação do motivo da multa (obstrução do trânsito) não procedia pois na posição em que deixei o carro e pelo tempo, que foi pouco, não tinha condição de causar transtornos.

Com isto chega-se à conclusão: Onde a TranSalvador deveria agir (na área do Centro de Convenções no domingo) não age, mas durante a semana espalha seus agentes para aplicar multas no centro da cidade onde os motoristas tem necessidades de estacionar para resolver problemas urgentes e não se preocupa de fazer um estudo sério da área e organizar o trânsito.

E antes que alguém me sugira recorrer, informo que é o que estou fazendo. Se vai surtir o efeito desejado aí já é outra questão.

2 comentários:

O Questionador disse...

Guia para dirigir em Salvador, (Robson Oliveira) pertinente ao tema, dividido em duas partes.
Ótima semana
Cesar
Robson Oliveira (baiano)
Vindo à capital da Bahia a passeio e tendo que se adaptar ao jeitinho baiano de dirigir, não se assuste. Em Salvador você verá atrocidades; você duvidará que o motorista que violentamente insiste em lhe expulsar da pista goza de boa saúde mental; você não entenderá como nós soteropolitanos, famosos no mundo por não se estressarem, nos transformamos em seres raivosos quando estamos ao volante. Não fazemos por maldade, guiamos preocupados apenas com o centro do universo, nós mesmos, os baianos, os piores motoristas do Brasil. As lições vão lhe ajudar no trânsito de Salvador.

1ª Lição: Faixas Inúteis. A pintura de faixas, quando existe, não serve para absolutamente nada. Nós não sabemos exatamente para que a via foi dividida em faixas. Passamos de uma faixa para outra, rodamos sobre as faixas “seguindo os pontinhos” como se não quiséssemos nos perder... e em qualquer curva preferimos a tangente, mesmo que a faixa ao lado esteja ocupada por algum “leso”. Acostume-se, esqueça as faixas, sinta-se livre.

2ª Lição: Parar Já. Paramos onde e quando precisamos; às vezes até ligamos o pisca alerta. Todos podem esperar um pouco. Na rua onde mal passa um carro, que diferença podem fazer cinco ou dez minutos parado até que Voinha Zinha desça da casa de mainha? Se o carro da frente parar, tenha paciência, espere até que ele decida seguir ou, também é permitido, buzine alucinadamente para extravasar sua raiva, sabendo que não vai adiantar. Desconte no próximo, pare também onde e quando quiser, aqui pode.

3ª Lição: Setas Invertidas. Não temos idéia do que passava na cabeça de quem colocou aquelas luzinhas amarelas que piscam quando nossos filhos mexem naquela alavanca inútil que fica próxima ao volante. Às vezes acionamos sem querer a luzinha que pisca na esquerda ou na direita. Se desejamos ir para a esquerda, vamos, não importa se a tal luz amarela está piscando, muito menos se pisca do lado certo. Seta é coisa de carioca “isperto”, nós não precisamos de seta para guiar. Nunca sinalize em Salvador, você poderá desviar a atenção do baiano que vai ao seu lado.

4ª Lição: Meter o Terço. Metendo um terço do seu carro na frente do baiano que teria a preferência você automaticamente obriga-o a ceder em seu favor. Meta o terço em qualquer situação: em cruzamentos perigosos, ao entrar em vias rápidas, quando quiser passar à frente de algum otário,
enfim, meter o terço lhe garante vantagem indiscutível (é possível que às vezes ocorra uma pequena batida, coisas da vida, se bater saia do carro e comece a bater papo com o outro baiano. Vocês acabarão descobrindo que são parentes ou que têm amigos em comum... você num é irmão do Tinho ? Não, sou primo. Rapaz, cê parece dimais com ele, é escrito e escarrado. Como tá Inha, cunhada do Tinho? ...)

5ª Lição: Emparelhar. Fique sempre ao lado de algum carro. Se ele acelerar, acelere também. Se reduzir a velocidade, reduza e permaneça “emparelhado”. Emparelhar deixa o baiano seguro. Vá juntinho, melhor seguir acompanhado. Se atrapalhar quem vem atrás não se avexe, quem quiser passar que passe. É isso mesmo, às vezes a oitenta por hora, ou a vinte, os baianos adoram andar emparelhados... e só Deus sabe o motivo.

O Questionador disse...

Guia Rápido para Dirigir em Salvador Robson Oliveira (baiano)

2a parte

6ª Lição: Dois Dedos. Dois dedos é a distância normalmente mantida por um bom motorista baiano do carro da frente. Colado, bem juntinho. Achamos que assim é possível aproveitar ao máximo o espaço disponível em nossas ruas. Outra vantagem em manter dois dedos do carro da frente é mostrar que estamos com pressa, que o carro da frente deve se apressar. Não importa se o motorista da frente não está atrasado como um bom baiano. O que importa é seguir colado. Não se perca, siga sempre a dois dedos do carro da frente.

7ª Lição: Fila é Para Otário. Em qualquer conversão, onde normalmente só caberia um carro, nós baianos fazemos a fila dupla, tripla, às vezes dá até para a quarta fila. Nunca espere o leso otário que está aguardando pacientemente a conversão, fila é para otário. Passe à frente, meta o terço, tome a preferência da conversão à força. Quem quiser que buzine.

8ª Lição: Buzina no Sinal Verde. Nós, baianos, há muitos anos disputamos o campeonato de acionamento de buzina após a abertura do sinal. Aguarde o sinal verde com as duas mãos prontas para acionar violentamente a buzina do seu carro. O recorde é de Toinho, irmão de Dozinha, dois centésimos de segundo após a luz verde. Capriche na buzina, rápido, mesmo que você esteja sem pressa, mesmo que buzinar não faça nenhum sentido.

9ª Lição: Lixo no Carro Não. É, é isso mesmo que você forasteiro está pensando. Nos nossos carros baianos não pode ter lixo. Vai tudo pela janela. Latinha de cerveja, fralda suja, palito de picolé, ponta de cigarro, garrafa pet. Somos muito asseados, lixo no carro não. Quem quiser que varra a rua. Acostume-se e, se do carro da frente for jogado algum objeto grande, desvie sem reclamar.

10ª Lição: O Retorno É Aqui. Nas ruas de Salvador é possível retornar em qualquer lugar. Gire o volante e, se couber, ótimo. Se não “deu jogo” dê uma rezinha rapidinha e complete a manobra. Quem quiser que espere ou se bata. Quem procura retorno é otário. Não se assuste de depois da curva der de cara com uma D20 atravessada na pista, manobrando para retornar a dez metros do retorno correto.

Boa sorte no trânsito de Salvador. Antes que eu esqueça: para dirigir em Salvador você não precisa, necessariamente, olhar para frente. Converse
olhando sempre para o carona. Fale ao celular, leia, procure coisas no porta-luvas, enfim, descontraia, crie você mesmo suas regras de trânsito.