sexta-feira, 2 de abril de 2010

Meu medo é esse. Qual é o seu?

Gosto de observar o cotidiano, as pessoas, os fatos e os atos. Isto constitui um excelente exercício de aprendizado.

Nesta quinta-feira, cheguei na academia onde faço hidroginástica e me deparei com o funcionário da manutenção da piscina com duas folhas de papel. Uma colada no peito e outra nas costas. Na do peito lia-se “Meu medo é esse”, na folha das costas: “Qual é o seu?”.

Como na folha colada no peito continha uma afirmativa e não indicava o seu objeto, fiquei curiosa e perguntei ao rapaz:

- E aí, qual é o seu medo? Não está escrito aí na folha.

- Ah! Senhora é porque os medos são tantos que não cabem na folha...

-Sim, mas quando você afirma: “é esse”, refere-se a um só. Qual é?

E em bom baianês ele disse:

- Oxente, é o da morte!

- Por quê da Morte?

- Porque se ela vem, os outros medos todos perdem a razão de ser. A gente já morreu mesmo, não tem porque ter mais medo. (virando as costas para mim, perguntou) E a senhora, “qual é o seu?

E eu respondi:

- Os outros medos todos.

- Por quê?

- Porque todos eles vêm antes da Morte. E como a Morte como fim de tudo não existe, os outros medos permanecerão se a gente não os trabalhar antes de pensar que morreu.

- Por isto mesmo que já estou fazendo as pessoas perceberem a inutilidade de ter medo. A não ser o medo que as faz cuidar das suas vidas. Este medo é importante porque evita a violência, a arrogância, a indiferença, o orgulho, a maledicência e muitas outras coisas negativas.

Após esta última frase do zelador, fui para a piscina, fiz a ginástica e não parei de pensar no quanto ele tinha razão: se todos fôssemos, ou, pelo menos, procurássemos ser pacíficos, simples, solidários e puséssemos em prática a máxima “Faça aos outros o que gostaria que ou outros fizessem a você”, viveríamos todos em paz e não precisaríamos viver com medo, de tudo e de todos.

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