Gosto de observar o cotidiano, as pessoas, os fatos e os atos. Isto constitui um excelente exercício de aprendizado.
Nesta quinta-feira, cheguei na academia onde faço hidroginástica e me deparei com o funcionário da manutenção da piscina com duas folhas de papel. Uma colada no peito e outra nas costas. Na do peito lia-se “Meu medo é esse”, na folha das costas: “Qual é o seu?”.
Como na folha colada no peito continha uma afirmativa e não indicava o seu objeto, fiquei curiosa e perguntei ao rapaz:
- E aí, qual é o seu medo? Não está escrito aí na folha.
- Ah! Senhora é porque os medos são tantos que não cabem na folha...
-Sim, mas quando você afirma: “é esse”, refere-se a um só. Qual é?
E em bom baianês ele disse:
- Oxente, é o da morte!
- Por quê da Morte?
- Porque se ela vem, os outros medos todos perdem a razão de ser. A gente já morreu mesmo, não tem porque ter mais medo. (virando as costas para mim, perguntou) E a senhora, “qual é o seu?
E eu respondi:
- Os outros medos todos.
- Por quê?
- Porque todos eles vêm antes da Morte. E como a Morte como fim de tudo não existe, os outros medos permanecerão se a gente não os trabalhar antes de pensar que morreu.
- Por isto mesmo que já estou fazendo as pessoas perceberem a inutilidade de ter medo. A não ser o medo que as faz cuidar das suas vidas. Este medo é importante porque evita a violência, a arrogância, a indiferença, o orgulho, a maledicência e muitas outras coisas negativas.
Após esta última frase do zelador, fui para a piscina, fiz a ginástica e não parei de pensar no quanto ele tinha razão: se todos fôssemos, ou, pelo menos, procurássemos ser pacíficos, simples, solidários e puséssemos em prática a máxima “Faça aos outros o que gostaria que ou outros fizessem a você”, viveríamos todos em paz e não precisaríamos viver com medo, de tudo e de todos.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
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